Grupo de Pesquisa em Gravura e Gráfica da UFRN

Yuno Silva – repórter (publicado em http://tribunadonorte.com.br/noticia/arte-a-ceu-aberto/180589)

As artes plásticas estão diretamente relacionadas à evolução da espécie, prova disso são as pinturas rupestres que apontaram para a necessidade de expressão artística desde os tempos pré-históricos – seja por motivos estéticos, simples apreciação ou intenções comunicativas. Amanhã, 8 de maio, Dia do Artista Plástico, data escolhida em homenagem a Almeida Júnior (1859-1899) de Itu-SP — por sua importância no contexto de identificação e personalidade da arte brasileira — será celebrado durante o evento “Atelier a céu aberto”, iniciativa do IFRN-Cidade Alta, que abre as portas a partir das 14h para debates, palestras, exposições e interação. A programação é gratuita, aberta ao público e ainda abre espaço para a música, dança e poesia.

“Será um momento propício para traçarmos um panorama abrangente das artes plásticas, contextualizando com as especificidades da produção potiguar”, explica a professora Mára Beatriz Pucci de Mattos, coordenadora do evento. “Nossa intenção é compartilhar experiências e ouvir opiniões de críticos de arte e professores; oferecer aos alunos do IFRN e público interessado conceitos que contribuam para melhor apreciação e entendimento das diversas linguagens”, complementa.

Entre os convidados, a professora destaca a presença de Novenil Barros, atual diretor da Pinacoteca do Estado, no bate-papo após a exibição do documentário “Lixo Extraordinário”, indicado ao Oscar 2011. A conversar será em torno das possibilidades de relacionar arte com reciclagem e preservação ambiental. Já o filme mostra o trabalho do artista plástico Vik Muniz no Jardim Gramacho, Rio de Janeiro, um dos maiores aterros sanitários do mundo.
A lista de convidados ainda inclui o professor Vicente Vitoriano, da UFRN; Vitor Zamorra, presidente da Associação dos Artistas Potiguares; o marchand Antônio Marques; os artistas plásticos Túlio Fernandes, Mário Sérgio, Ulisses Leopoldo, Dione Caldas e Dorian Gray; Maria do Socorro Sarmento Alves, curadora da Galeria de Arte da Assembleia Legislativa; e Teodora Alves, curadora do NAC. “Também teremos presença dos artistas Marcelus Bob, Assis Marinho e Ivo Maia, que apresentará sua arte inclusiva (mandalas em baixo relevo). “Teremos gente produzindo caricaturas, história em quadrinhos e grafite. O espaço está aberto”, conclui.

A gravura no contexto urbano

Para reforçar a celebração do Dia do Artista Plástico, uma intervenção urbana foi programada para o próximo dia 11 (quarta-feira), das 10h às 12h e das 15h às 17h, na estação de trem da CBTU, Ribeira, onde o projeto Expedição Gráfica e Midiática, coordenado pela professora Laurita Salles, do Departamento de Artes da UFRN. O projeto integra o circuito nacional SP-Estampa, organizado pela Galeria Gravura Brasileira, de São Paulo, e a pretensão é ‘ocupar’ a estação de trens com gravuras em serigrafia, grafite e estêncil.
A temática abordada pelos trabalhos faz ligação com a vida urbana, e trata o território da cidade como espaço para a realização de eventos, transforma ambientes de trajetórias cotidianas em lugares para a realização de cultura, relacionando pontuações informacionais e gráficas a experiências urbanas. Todas as atividades da intervenção serão devidamente registradas em vídeo e fotos, disponibilizadas através da página eletrônica gravuragraficaufrn.blogspot.com.

A curadora potiguar Sânzia Pinheiro Barbosa, do Programa Rumos Artes Visuais 2011/2013 do Itau Cultural, acredita no potencial dos artistas plástico do RN, mas afirma que o mercado ainda está “engatinhando” no tocante ao consumo da produção local: “Acredito em duas linhas de ação para fortalecer a cena: a proposição de políticas públicas que contemple os vários segmentos, ou seja, instituições com programas de formação em todos os segmentos da cadeia produtiva, espaços expositivos adequados e equipes qualificadas na gestão das artes visuais. Outra coisa importante é a mobilização dos próprios artistas em criar espaços e ações independentes”, afirma.
Questionada sobre a estranheza do público natalense diante da arte contemporânea, Sânzia garante que “ousadia causa estranheza no mundo todo. Somos todos filhos da burguesia, do capitalismo, do cristianismo e educados numa tradição ‘newton cartesiana’. Por isso incentivar os debates teóricos são fundamentais para se desmistificar essa visão restritiva”.

Segundo a curadora, o artista potiguar tem pouco a comemorar no Dia do Artista Plástico: “Felicito a atuação dos novos professores do Departamento de Artes da UFRN, onde é possível perceber alguns avanços como a intervenção, programada para o próximo dia 11 na CBTU, com uma linguagem tradicional que é a gravura. Quando foi que a universidade fez isso? Acredito que essas ações são muito importante na formação dos estudantes”, aponta. “Outro fato interessante foi a realização do projeto ‘10 Dimensões’, coordenado por Fábio Fon, que promoveu muita discussão teórica com artistas. Também é importante destacar a atuação do professor Everardo Ramos, também do Dearte/UFRN, que tem procurado intensificar o diálogo com a comunidade”, finaliza.